Se tudo está mudando, por que insistimos em fazer algumas coisas do mesmo jeito?
Por Carol Manciola
2 de julho de 2024
Se a maneira de aprender mudou, a maneira de ensinar também precisa de mudanças. Se maneira de se relacionar com as marcas mudou, a maneira de vender também precisa de mudanças. Se nossa maneira de enxergar o mundo mudou, a maneira como nos comportamos diante dele também precisa de mudanças.
Parece óbvio (e até clichê), mas o que temos visto é muita gente reclamando e pouca gente fazendo acontecer (e nã é só na Tailândia ?).
Vamos lembrar que
“Incômodo sem ação é reclamação. Incômodo com ação é evolução”.
Em minha palestra no CBTD – Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento, promovido pela ABTD eu trouxe um tema inquietante: Coragem – Competência essencial no mundo da Inteligência Artificial.
Já na largada fiz questão de deixar claro: não é (mais) uma palestra sobre IA e a pegada vai ser altamente provocativa. Confesso que fiquei tensa, com medo da turma se levantar e ir embora, mas CORAGEM CONTAGIA e a galera ficou.
Eu e a Ana Carolina Coelho Fernandes, minha fiel escudeira aqui na Conectas, tivemos vários insights durante o meu processo criativo e após os feedbacks recebidos no evento, e separamos alguns tópicos para compartilhar com vocês. Apertem os cintos:
O tema do ano foi… IA!
O rolê tá quase monotemático, mas… hype é hype. O desafio é parar de falar sobre o tema como se precisássemos saber tuuuudo sobre ele e começar a entender que a IA é um recurso que pode (e deve) ser bem utilizado.
Apesar do ChatGPT ter atingido 100 milhões de usuários em apenas dois meses, apenas 10% utilizam a ferramenta diariamente (você usa? ?). Os números da Reuters Institute for the Study of Journalismo divulgados essa semana reforçam o que vi na minha própria plateia: 1/3 das pessoas levantou a mão quando perguntei quem tinha o app e muitos se cutucaram quando perguntei quem usava.
É sabido (e sentido na pele) que a inteligência artificial está revolucionando a forma como aprendemos e trabalhamos. Uma das grandes buscas atuais é pelo “prompt perfeito”, ou seja, a pergunta “de ouro” que fará com que a IA traga a resposta que você quer.
A questão é: estamos treinando a máquina com nossos dilemas atuais e deixando de lado o que realmente importa.
Pra pensar:
A inteligência artificial não é, nem será, capaz de resolver os problemas de Intimidade Artificial.
Estamos vivendo a geração da INTERSECCIONALIDADE
O termo que foi cunhado por Kimberlé Crenshaw em 1989 tem sido amplamente adotado para analisar como as identidades individuais e sociais se entrelaçam e influenciam as experiências de uma pessoa.
É urgente reconhecer e lidar com a complexidade das individualidade e das experiências humanas, buscando formas mais inclusivas e informadas de abordar questões sociais, políticas e culturais. Num mundo onde tudo se copia a autenticidade ganha cada vez mais valor. Todo mundo que ser único, mas ninguém quer ser O único.
No contexto atual, as empresas estão mais multigeracionais do que nunca. Até 2025, a geração Z representará 30% da força de trabalho. Adaptar-se às necessidades e preferências dessa geração é essencial para manter e engajar esses talentos. Esses jovens têm como exemplos líderes tóxicos e problemas de saúde mental cada vez mais críticos (só no Brasil, segundo a ISMA/BR, 32% dos trabalhadores sofrem com Burnout e 72% se sentem estressados com o trabalho).
Criticá-los e virar os olhos diante do desafio de lidar com essa nova geração nos impede de vislumbrar o futuro que emerge.
Para pensar:
Se há tempos “lutamos” para acabar com o “aqui sempre foi assim”, por que hoje resistimos a abraçar o novo no que se refere a maneira de existir no mundo do trabalho?
As pessoas estão EXAUSTAS de gastar suas vidas em workshops com “técnicas” que não se aplicam à sua realidade
Ninguém aguenta mais ficar num sala de aula, por 2, 4 ou 8 horas que sejam, ouvindo como precisam se comportar. Não adianta slide bonito, frase impacto, dinâmica pra construir coisas ou as “adoradas” simulações. Entra por um ouvido, a avaliação de reação é legal e no dia seguinte as pessoas continuam fazendo como sempre fizeram. Só a gente tá notando isso?
A mudança real acontece quando os colaboradores passam a desejar fazer de forma diferente porque compreenderam seu papel e impacto. E ai o desafio é gigante.
A conversa precisa ser franca, os assuntos sensíveis têm que ser discutidos, quem está conduzindo precisa de vivência, repertório e jogo de cintura e as pessoas mais falar do que ouvir.
Precisamos encarar os fatos e promover o desenvolvimento “apesar” dos desafios do contexto, afinal:
- Funcionário não é dono;
- Protagonismo não é arriscar seu emprego e fazer o que for preciso mesmo sem recursos e direção;
- Cliente no centro é um valor que precisa estar enraizado em todo modus operandi de uma empresa.
Para pensar:
É preciso muita coragem para desafiar o status quo e promover mudanças significativas.
A Importância das HUMAN Skills
A corrida que estamos vivendo hoje não é pro ser humano se tornar digital; isso é imperativo . A corrida que estamos vivendo hoje é pro digital se tornar humano.
O Processamento de Linguagem Natural (PLN – favor não confundir com PNL ?) é uma tecnologia que permite aos computadores entender, interpretar e usar a linguagem humana. O mercado de PLN tem crescido rapidamente, e profissionais capazes de “ajudar a máquina a se tornar mais humana” estão entre os mais requisitados do mercado.
Empatia, criatividade e resolução de conflitos são superpoderes que a IA ainda não tem. Em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, investir em formação humana e desenvolvimento emocional é fundamental para se destacar.
Para pensar:
O desafio não é dominar a máquina, mas não ser dominado por ela. Pessoas não serão substituídas por máquinas, mas pessoas que se comportam como máquinas sim!
Sem CORAGEM você vai pra onde a vida te levar. Com CORAGEM você vai aonde você quiser.
Caberá a nós cuidar de tudo aquilo que “sobra” pro ser humano que é SER HUMANO. Acontece que ele não tá sendo…
Reagir a uma crise não é sobre coragem, é sobrevivência. Sair desse modus operandi é sim sobre viver.
Na era da IA, a coragem é uma competência essencial porque é ela que nos permite ser de verdade e são as pessoas de verdade que fazem a diferença no mundo.
Na palestra do CBTD, apresentei um processo evolutivo: o incômodo acende uma luz, analisar possibilidades renova nossas esperanças, tomar uma decisão nos dá direção, comunicar nosso movimento nos permite recrutar aliados, executar o plano é se permitir aprender durante o processo e responsabilizar-se pelo resultado é assumir o protagonismo diante da vida. A coragem é o elo e o impulso que nos faz seguir nessa caminhada, mesmo quando o mundo tenta nos confundir.
Para pensar:
A partir da coragem TUDO SE CONECTA e são as conexões que geram transformações. O que falta pra “dar liga”?
Um BRINDE a sua coragem
Elaborei esse infográfico com o passo a passo do processo para você ampliar sua consciência sobre as consequências de uma vida sem com coragem e com coragem.
Delicie-se. Reflita. Compartilhe.
E pra fechar: Ou você muda o lugar, ou se molda ao lugar, ou muda de lugar.
CORAGEM CONTAGIA.
Aquele abraço,